quinta-feira, 9 de maio de 2013

Memorial


Tudo começa com uma pergunta. Porque ser professor de matemática?
Para que vocês entenderem melhor meu gosto pela matemática é necessário que eu faça  uma retrospectiva da minha vida. Nasci no dia 19 setembro de 1975 as 15:30 hs, no Núcleo Bandeirante, sexto filho de uma família. Meu pai era um marceneiro e minha mãe era dona de casa, acho que o termo que mais se enquadra melhor é guerreira, para criar seis filhos em um assentamento do governo esquecido por todos os governantes da época.
 Sempre ouvia meus irmão falar que a escola não era legal, que na escola tinha vários professores carrascos isso já gerou um certa fobia do ambiente escolar. Aos seis anos fui a escola, saindo da minha pseudo zona de conforto que chamava de minha rua, e cai naquele inferno criado pela minha mente, devido aos diversos comentários dos meus irmãos. O pior é que apesar da fobia  não podia reprovar pois a surra no final de ano era certa.  
Foi a primeira vez que tive contato com aquela matemática institucionalizada, vendo meus colegas responderem conforme era imposto pela a professor. Engraçado não meu lembro da minha professora da primeira série, pois foi tão insignificante que não me lembro de quase nada daquele ano. Recordo-me sim da professora Teresinha da segunda série, atual terceiro ano, era educação em pessoa, baixinha, gordinha, cabelos grisalhos, parecia uma daquelas senhoras que o marido era funcionário público e ela para não ficar parada ia dar aula, mas ela era muito mais que isso, era uma boa pessoa. Ensinou etiqueta para os alunos, coisas que uso até hoje, mas o conteúdo ficou pelo caminho.
Chegando na terceira série, percebi que as coisas estavam ficando mais sérias, muita coisa no quadro para escrever, minha grande dificuldade era copiar, pois desde aquela época tenho um problema sério de visão, que nem minha mãe e  nem meus professores perceberam. O problema era que só os alunos nota 10 poderiam sentar na frente, sofria em silêncio querendo aprender mais não podia. Então desenvolvi um técnica para aprender escutando, passava mas não me convencia. A matemática ainda era um monstro desconhecido para mim passava sempre com notas baixas sem entender que ela estava presente na minha vida, pois meu pai era marceneiro.
Na quarta série tive uma professora nova e bonita, minha primeira paixão, com muitas ideias revolucionária de esquerda, pregava que tínhamos que ter opinião própria, levou até um Vinil da Banda Peble Rude para escutarmos, mas conteúdo mesmo só ficou no papel. Mas o importante para mim era não apanhar no final do ano. E tinha mais uma clausula do castigo da minha mãe, era seu eu reprovasse passaria toda as férias de castigo. Ficar sem soltar pipa no final do ano era o fim para mim. Mas com a técnica de aprender escutando passava com notas baixas mas passava. Para completar via meu pai se definhando em um alcoolismo e falta de cuidados próprio com a alimentação.  Isso foi até a conclusão do ensino médio, terminei não sabendo escrever, ler e tão pouco sabendo dos algoritmos básicos da matemática.
Aos 18 anos o que sobrou para mim foi um  sub emprego, fui carregar peças em uma concessionária de carros. Tive contato com engenheiro, advogados, administradores, mecânico, políticos, que em alguns momento da minha vida me falaram que era um homem inteligente, que até aquele momento nunca havia pensado que eu era capaz de aprender. Juntei algumas economias conseguidas através do árduo trabalho e entrei em um curso preparatório para vestibular de 18 meses. Era um curso onde reuniram os melhores professores do DF, para fazer um trabalho quase social. Ali eu conheci a matemática e esse lindo oficio que chamamos professor.
O professor Carlos com sua didática excepcional e uma amor a profissão, me jogou no mundo do  conhecimento e da dúvida. Em 18 meses conseguiu recuperar 12 anos perdidos da minha vida escolar. Sem muito recurso didático consegui ensinar geometria de forma totalmente clara e sólida, reforçando os alicerces do meu conhecimento, usando da matemática contida em nossas vidas para aplicar a institucionalizada. Passei em três faculdade mas por força maior tive que largar. Mas esse conhecimento foi muito útil pois fui promovido várias vezes na empresa devido ao meu bom desempenho nas minhas tarefas, graças a tomadas de decisões rápidas e inteligente. Em 2008 voltei a estudar com o intuito de tentar mudar um pouco a educação no nosso país, Graças ao Carlos eu mudei a minha vida, saindo daquele buraco que chamamos pseudo zona de conforto.
Isso que devemos trabalhar nas crianças de séries iniciais, base fortes para que elas possam pensar.

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